sábado, 16 de novembro de 2013

Método indireto de pintura

Continuo com os estudos.
Retomando a discussão, até o advento do Impressionismo, o que acontecia nas academias era a construção da pintura através de métodos indiretos, com uma primeira fase monocromática.
Destarte, a obra evoluia dos valores mais escuros aos mais claros, somente com a adição do branco na cor escolhida (ou num trabalho de manutenção de transparências, em se tratando do primeiro plano, para o aumento de contrastes).
Esta cor, a mais das vezes, era o Terra de Siena Queimada, prática que na academia tradicionalista ainda é realidade.
Com o Impressionismo, estas práticas mudaram, com o pintor se aproveitando de forma eventual somente do que chamamos de imprimatura.
Este termo advem do latim e significa a imprimação, a aplicação de uma camada de alguma cor, de preferência de forma irregular, antes de iniciar a pintura propriamente dita.
Desde lá, o comum é lançar a intenção final diretamente na tela, com somente alguns pintores se atendo à maneira tradicional ou ao uso do recurso que ainda discutimos abaixo.
A intenção da imprimatura  é fazer com que a cor aplicada permaneça visivel em "falhas" das cores aplicadas por cima e venha a transparecer na obra quando pronta.
Isto pode ser notado, por exemplo, nas marinhas de Edward Hopper que usava muitas vezes uma imprimatura vermelho sanguíneo. Observe com atenção uma de suas obras e você vair notar o efeito (vide Edward Hopper's Maine, que você pode importar da Amazon.com a um custo bastante razoável).
Hoje, no entanto, alguns artistas estão a retomar a pintura indireta, resolvendo antes a questão dos valores de claro e escuro, e só depois abrindo a palheta.
A novidade é a utilização para a fase monocromática de tons mais vibrantes que os terra, principalmente com o azul ultramar.
Testei as duas abordagens em caixas de fósforo.
Na primeira (que fui terminar só posteriormente) usei o método indireto, e na segunda, pintei à maneira impressionista, buscando as notas de cor (com os valores embutidos) diretamente no branco da tela.
Ou melhor, no branco da caixinha, preparada anteriormente com gesso acrílico.
Vejam abaixo a execução a la maneira indireta. A primeira imagem é da caixinha somente com os tons em azul. A segunda é da obra já pronta.
Para se ter uma ideia da diferença nos resultados, e deixo para você a decisão de qual foi o melhor, vai uma imagem da obra resultante pelos dois caminhos, o direto e o indireto.
Como sempre, créditos ao professor Ernandes B.Silva que me trouxe o método, e para Kevin Macpherson, também professor e autor de ótimos livros de pintura, a foto utilizada.

Um comentário:

  1. Meu amigo, sua maneira de explicar os processos de pintura e seu desenvolvimento são de fácil entendimento. Me considero uma desenhista e pintora com certa experiência, mas estou sempre aberta a novos aprendizados. Obrigada pelas dicas. Sua didática é nota mil! Bjs

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