sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A história dos pigmentos - Parte II

Para ver a primeira parte da postagem, clique aqui.

Os Romanos

A maior parte da cultura romana foi herdada dos gregos, o mesmo acontecendo com os pigmentos, herdados não só dos gregos, mas dos egípcios também.
O vermillion, por exemplo, vermelho desenvolvido pelos chineses e utilizados por todas as civilizações a seguir, foi muito encontrado nos afrescos das ruínas de Pompéia.
Outra cor muito utilizada pelos romanos era o Violeta de Tirian, retirado de molúsculos, e de um valor impressionante, dada a dificuldade de obtê-lo. Este vsioleta era obtido de um pequeno cisto incrustado dentro de molúsculos.
Bolinus Brandaris, o molusco utilizado para a obtenção
do Violeta de Tirian

Imensas quantidades de molúsculo eram necessárias para se obter um mínimo de pigmento. Em 1908, P.Friedlander coletou somente 1,4 gramas de pigmento puro com o sacrifício de 12.000 molúsculos. Até a modernidade ainda se encontra enormes pilhas destas conchas nos locais onde na era romana se extraia tão nobre pigmento.

A Renascença

Pouco aconteceu após os romanos, até a Renascença. O renascimento das artes, no entanto, fez com que novos desenvolvimentos acontececem com os pigmentos, a partir do século XIV.
Os italianos conseguiram obter mais tons terra, através da queima do siena e do sombra natural. Desenvolveram, melhorando processos egípcios de confeção de tintas a base de laca, o amarelo nápole, e adotaram o uso do azul ultramarinho, a partir do lapi lazuli (veja o post)

Séc.XVIII

Com o advento da química moderna, o mundo começou a ver o início de novos pigmentos.
Ainda em 1704 o industrial alemão Diesbach estava fazendo um tipo de vermelho laca, que requeria o uso de cloreto de potássio como um composto alcalino. O seu suprimento acabou e ele terminou se utilizando de resíduos, contaminados por óleo animal. Em vêz do vermelho, ele fez violeta, e depois azul. Foi a vez do Azul da Prússia, que é utilizado até hoje, aparecer no cenário. Foi esta a primeira produção de um pigmento sintetizado quimicamente.

Séc.XIX

O Azul Cobalto foi descoberto em 1802 por um químico chamado Thénard. Possuia uma explêndida transparência, sendo um azul de meio tom de grande permanência. Este pigmento é amado pelos artistas, por suas características, como força moderada de tingimento, secagem rápida e características apropriadas para a aquarela.
O Azul Cerúleo apareceu em 1805, sendo também um pigmento do grupo do cobalto. Foi descoberto por Andreas Hopfner, sendo baseado em estanato de cobalto.
Em 1828, J.B.Guimet descobriu um processo economicamente viável para a produção de azul ultramarinho sintético, ganhando um prêmio pelo feito (veja o post aqui).
Assim, no século XIX foram descobertos sucessivamente, o amarelo de cromo, alizarim crimson, verde cobalto, violeta cobalto, branco de zinco opaco e o amarelo de cádmio. O vermelho de cádmio só se tornou disponível no início do séc. XX.

Séc.XX

As descobertas do século XX tornaram possível a criação de uma paleta quase que infinita para os artistas, inclusive com alternativas para os pigmentos considerados mais perigosos, como de chumbo, cádmio e o cromo.
Assim a família de amarelos do tipo Hansa (alguns chamam de Aza), a família de pigmentos dos quinacridones e, essencial, o processo industrial que permitiu o uso em escala do branco de titânio, o mais permanente e opaco de todos eles.
Conclusão
Talvez não faça diferença à primeira vista para quem se utiliza destes pigmentos em sua paleta, mas conhecer a sua origem e as suas possibilidades é sempre importante.
Inté!
p.s. Veja na Parte I as referências que utilizem neste post.

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