quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Alexandre Reider e o Impressionismo Urbano no Brasil

Desde os tempos da Escola de Santa Helena, quando pintores como Aldo Bonadei, Rebolo, Alfredo Volpi e Mario Zanini pintavam a paisagem urbana paulista, variando entre seus telheiros e a placidez de seus subúrbios, quando em turma partiam para incursões de pintura ao ar livre, não tivemos mais nada de importância da paisagem urbana paulista até os dias atuais.
Nota-se, agora, uma preferência pelos motivos rurais, bucólicos, que não registram a agudeza e a urgência de nossas urbes.
Exceção à regra é Alexandre Reider que, jovem ainda, já se impõe no cenário da pintura brasileira.
Reider tem as características próprias de um pintor plein air, como a sua permanente atividade ao ar livre, e à preferência que dá às obras em pequenos formatos, típicas dessa pintura.
É inevitável, aliás, que as imposições do plein air, como a necessidade da obra ser completada à maneira alla prima, ou seja, em uma só sessão determine as suas reduzidas dimensões, somente ultrapassadas por alguns pintores que sacrificam o comedimento por alguma bravura na execução.
Mas, além dos motivos rurais, Alexandre Reider incursiona também no território, como já dissemos, pouco frequentado pelos impressionistas brasileiros, que é a paisagem urbana.
Oscar Freire x Galeno de Almeida, OST, 25x25cm
Em abril passado Reider realizou a individual Paisagem Urbana na Livraria Cultura da Av.Paulista, onde expôs um conjunto de obras onde, de acordo com o catálogo, a medida máxima mostrada foi de 20x45cm.
Catálogo da Exposição, 35 páginas, sem indicação de editora.

 A média dos tamanhos ficou em 25x25cm, havendo, inclusive, tamanhos menores.
Metrô Sumaré, OST, 16x22cm
Há que se trazer à atenção também que, dado o ângulo de algumas pinturas, as mesmas foram feitas a partir de fotos de referência, o que não desmente o que dissemos sobre as características de "pleinarista" do pintor Alexandre Reider.
Gourmet, OST, 20x40cm
Para conhecer melhor o seu trabalho, clique aqui. Reider mantém o atelier Plein Air Estúdio, onde diversos professores mantém a tradição do desenho e da pintura em sua melhor expressão.

domingo, 17 de agosto de 2014

Harmonia das cores - Parte V - Final


Só para lembrar, nós começamos escolhendo uma gama de cores dentro da roda de Munsell, com o uso de uma máscara, determinamos uma escala de valores claro-escuro, também de acordo com Munsell, que vai de 1 (o mas escuro) até 9 (cor branca), e montamos, ainda sem usar tinta propriamente dita, a escala do que deveriam ser as quatro cores escolhidas.
Agora, é hora de trabalhar com as tintas e a palheta, para encontrar as vinte misturas necessárias:

As cores base para a mistura foram o violeta, azul ftalo, verde veridian, amarelo cadmio claro, amarelo ocre, branco de titânio e preto de marfim.
Testamos as cores numa tabela que construimos de acordo com os valores dantes determinados:
E, para curtir este trabalho todo, fizemos um pequeno estudo usando as misturas preparadas.
Pronto! Espero que o sistema de Munsell seja de bom proveito para você criar quadros perfeitamente harmonizados em suas cores. Além disso, estas informações servem para qualquer finalidade de design, patch-work, escolha de roupas, qualquer coisa que envolva combinação de cores.
Inté!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Harmonia das Cores - Parte IV Utilização da Escala de Valores

Para ver o post anterior, clique aqui.
Um pouquinho de considerações, ainda, antes de chegarmos lá. O que vamos fazer será uma tabela com as nossas quatro cores, de 4 cores por 6 valores, ou seja, variando o valor de cada cor em seis faixas. Com estas 24 misturas, estaremos aptos então a pintar qualquer obra com cores harmônicas. Pois vamos lá!
Lembra que conversamos sobre a divisão proposta por Munsell de valor (do claro ao escuro), numa tabela indo de 1 - mais escuro - até 9 - branco total? No entanto, para nosso trabalho, não vamos precisar disto, de forma que "aparei" a escala de Munsell em um valor para cima, e dois em seu extremo mais escuro.
Escala completa de Munsell e a que vamos usar

Isto porque é raro nos utilizarmos de valores tão extremos, como o 1, 2 ou o 9. Considere-os como notas super-graves ou super-agudas, usadas tão somente por quem já domina muito bem o seu instrumento.
Agora, começam as questões. As nossas cores (as que selecionamos aplicando a máscara, no post anterior) tem qual valor?
Vamos ver? Comecemos pelo nosso azul, que fomos colher lá na região do azul-violeta:
Azul com a escala de valores

Observem que o azul é 6 na escala de valores de Munsell. Alguma dúvida? Então veja esta mesma imagem em preto e branco:
Mesma imagem em P&B

Compare os valores para o amarelo:
Como você pode ver, o amarelo mantém a constância de valor na escala (6).
Veja o vermelho relativo (que em verdade está muito mais para o violeta em função da aplicação da máscara).
De novo, temos o valor 6. Tente imaginar a escala de valores sendo movida para cima e para baixo, de forma que o cinzento 7, ou o 5, fiquem junto à mancha colorida. Dá para ver que o valor 6 é o mais apropriado, não?
Por último, o verde:
Sem surpresas. O verde também se mantém no 6 na escala de valores. Qual a conclusão disto?
É a de que apesar de algumas cores por serem frias, parecem mais escuras, em função do nosso método de construção, permanecerão todas com o mesmo valor.
Bem, fizemos tudo isto para chegar ao nosso próximo passo, que é mistura de cores para a construção de uma tabela de cor x valor, com as quatro cores e os 6 degraus de nossa escala de valores, que vai do 3 (mais escuro) até o 8, que é um cinza clarinho.
Inté.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Harmonia de Cores - Parte III - Gamut Mask

Para ver a postagem anterior, clique aqui.
Com as propriedades das cores já examinadas, podemos atravessar o portal e entrar na festa.
É, e quem nos legou as ferramentas que vamos usar, foram James Gurney, principalmente, no seu livro Color and Light - A guide for the Realist Painter, Richard Robson em sua apostila Color Harmony, e Barry John Raybould, em sua Virtual Art Academy.
A ferramenta é simples, e advem do princípio de que numa pintura onde as cores estão balanceadas, sempre teremos uma cor dominamente, sendo todas as outras rebaixadas.
Para isto, utilizamos máscaras, que são aplicadas sobre as rodas de cor, limitando a amplitude da intensidade das cores que vamos usar. Vejam o exemplo abaixo:
Gamut Mask, ou Máscara de Amplitude.
Esta máscara limitou o espectro de cores possíveis dentro da paleta a ser utilizada, criando novas cores primárias "relativas", e reduzindo a intensidade das cores.
Para fazer a demonstração, me utilizei de uma roda de cores que elaborei de acordo com os princípios de Munsell, que limita a roda a 10 cores, em vez das 12 tradicionais.
Outras formas podem ser utilizadas:
Triângulo irregular
Com a máscara acima, temos um primário dominante que é o vermelho, e duas cores primárias que poderíamos chamar de recessivas, com a sua cor fortemente rebaixada. Observe-se que aqui conseguimos uma máscara para trabalhos com complementares, tendo, como foi dito antes o vermelho como dominante; um verde amarelado substituindo o amarelo e um cinzento azulado no papel do azul. Caso você queira obter mais uma cor para as suas misturas, poderia usar o laranja rebaixado que aparece como cor secundaria, ou, se quiser tons mais frios, o cinza-violeta, à esquerda do triângulo.
Triângulo excentrico
No caso acima, onde usamos uma máscara excêntrica, temos o amarelo como primária dominante, o verde já rebaixado, um cinza-violeta no papelo do vermelho, e um cinza-esverdeado funcionando como azul.
Para os nossos experimentos, vou escolher uma máscara como a debaixo:
Cores a serem utilizadas em nossa paleta
Esta máscara nos fornece o seguinte conjunto de cores:
Verde, amarelo, vermelho e azul relativos
No próximo post, vamos criar nossas cores, com valores (claro e escuro, lembra?) acima e abaixo das cores determinadas pelos limites dentro da máscara.
Inté!
Para ver a Parte IV, clique aqui.

sábado, 9 de agosto de 2014

Harmonia de Cores - Parte II

As Propriedades da Cor

Para ver a Parte I, clique aqui:
Um pouco de paciência. Antes de entrarmos na prática, que espero aconteça na próxima postagem, vamos ter que continuar um pouco com a base teórica. Você vai ver que é interessante.
Como tinha dito na parte I, Munsell propôs que as cores teriam três propriedades:
Matiz, valor e intensidade.
Examinemos a questão do matiz. Para Munsell, as cores se dividiam em cinco primárias, violeta, azul, vermelho, amarelo e verde, e as cinco secundárias que eram determinadas pela mistura em sequência destas cores.
A Roda de Munsell, já dentro de seu esquema de intensidade e valorres
Munsel propôs a seguinte classificação:
Classificação das cores segundo Munsell
Para ser breve, Munsell optou utilizar um códio começado por um número seguido de uma ou duas letras, dependendo se era primária ou secundária, e completando este código, com valor (claro/escuro) e intensidade da cor.
Vamos começar pelo matiz (primeiro numerinho seguido das letras).
Por exemplo, passando do vermelho até o amarelo, a gente vai começar por 5R (r de red), passar pelo 10YR (yr de yellow/red, ou laranja em bom português), e indo finalmente para 5Y, que seria o amarelo puro. Veja a figura abaixo, que exemplifica:

Aplicação do código de Munsell quanto à Matiz de cores

Além do Matiz, Munsell classifica a cor por valor e intensidade, na forma V/I. Vamos tratar, antes de mais nada, do valor.
Valor é a característica da cor que a leva do mais claro ao mais escuro. Por exemplo, considere, o amarelo e o violeta. Qual dos dois é o mais escuro, ou seja, tem o valor mais baixo? Acho que você vai concordar que é o violeta, que na escala de valores escuro/claro (1 até 9), está entre2 e 3. O amarelo está muito mais próximo do 7 ou 8, com certeza. Dá para visualizar?
Se tirarmos completamente a intensidade das cores, permanecendo com uma imagem em preto e branco, teremos uma escala de valores parecida com a de baixo, construida por mim para o meu trabalho:
Escala de cinzas (valores)
Para melhor exemplificar, veja as variações do vermelho abaixo, dentro das possibilidades de escurece-lo ou torná-lo mais claro (alteração de valor - quantidade de luz):
Fomos obrigados a utilizar um vermelho de intensidade média (vamos ver mais tarde a questão da intensidade), pois se utilizásemos o vermelho mais estourado, qualquer alteração de valor, implicaria também na alteração de sua matiz.
Se compararmos os vermelhos obtidos com a tabela de valores acima (de 1 a nove, vamos ver que o primeiro está próximo do valor 8, enquanto que o último está com o valor 3). Deu para entender?
Confuso?
Explicando mais uma vez, nós podemos, dentro de certos limites, tornar uma cor mais clara ou mais escura para atender nossas necessidades. Por exemplo, se a luz ambiente for muito baixa, não haverá sentido em usarmos o rosa clarinho da escala ao lado. Teremos que nos prender ao vermelho mais escuro. O que Munsell fez foi um sistema para classificar tudo isto, para não ficar nada no "aéreo".
Por último, no seu sistema de matiz, valor e intensidade, vamos tratar da Intensidade. A experiência da intensidade de uma cor pode ser vivida num monitor, quando carregamos ou descarregamos na saturação: Transformamos uma foto colorida, aos poucos, retirando a saturação em uma foto preto e branca. A esta qualidade da cor, com mais ou menos pigmentação, digamos assim, chamamos de intensidade da cor. Deu para entender? Vejam os dois exemplos abaixo, onde com um azul process  primeiramente, e depois com um vermelho de cádmio,  retiramos em seis passos toda a saturação da cor. Vejam:
Retirada de intensidade sem alteração de valor
Para encerrar, dois exemplos, também em azul e vermelho, com mudanças em intensidade e valor, retirados de uma tabela da internet:
Azul 5, com alterações em sua intensidade e valor
Vermelho 5, com alterações de intensidade e valor
Observem que a alteração na intensidade limita a posssibilidade da alteração nos valores. Com o vermelho estourado, não é possível mexer nem no valor nem na intensidade.Na próxima postagem, vamos estar entrando na prática. Inté.
Para ver a próxima parte clique aqui.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Harmonia de Cores - Parte I - Roda de Munsell

As vezes, a gente entra em encrenca sem nem se dar por isto. Pois foi assim:
Já há algum tempo venho cismando com encontrar métodos mais fáceis de harmonização de cores, de maneira a resolver na prática, sem grandes confusões ou uso de receitas pré-fabricadas a paleta de cores que vou usar em determinado instante.
Na minha pesquisa, encontrei dicas interessantes no material do Richard Robinson que tem excelente vídeos e alguns PDFs preciosos em cores; encontrei material também muito bom na Universidade Online do Barry John Raybould, e em origens diversas, como no livro "Color Harmony in your paintings" de Margaret Kessler, e na jóia de livro que é A Guide for the Realist Painter" de James Gurney, um dos melhores ilustradores do mundo, e que publicou este livro que indico para todo e qualquer um que queira entender de pintura.
Albert Henry Munsell
Mas por trás de todos estes mestres há um mestre maior ainda que foi  Albert Henry Munsell (January 6, 1958 - June 28, 1918) pintor americando, professor, pesquisador, e inventor do Sistema Munsell  de Classificação de Cores, até hoje imprescindível nas Ciências, na Agronomia, Design, Modas, e por aí vai.
Insatisfeito com a diversidade de designação das cores, onde a mesma cor poderia se conhecida como "azul polar" em uma parte do mundo e "gelo", em outra parte, Munsell propos um sistema onde cada cor poderia ser designada matemáticamente, podendo ser decodificada em qualquer continente, como exatamente "aquela" cor.
Munsel determinou que cada cor tinha três atributos:

  1. Matiz - que é a cor própriamente dita (azul, vermelho, amarelo, verde, etc.)
  2. Valor - que é a quantidade de luz (do claro ao escuro) que aquela cor reflete (divido por ele em 9 níveis, sendo 1 o mais escuro, e 9 o mais claro), e, por último,
  3. Intensidade - que é o nível de saturação da cor. Num monitor de televisão, a gente pode fazer esta experiência. Carregar ou retirar toda a saturação de uma determinada cor, deixando-a "estourada", ou retirando a sua vivacidade, até que ela se torne num tom de cinza.
A outra coisa que nos interessa aqui, é que em vez de considerar a existência de três cores primárias,, que viriam a determinar mais três secundárias, e por sua vez, mais seis terciarias, como é na roda de cores tradicional, Munsell propôs 5 primárias, mudando assim a organização das cores.
Assim, para Munsell (e para mim, que me tornei num adepto do sistema) as primárias são Violeta, Azul, Verde, Amarelo e Vermelho, sendo as secundárias a mistura destas cores. Vejam:

Insatisfeito com as palhetas que vi (inclusive a da Kessler, que a meu ver está
distorcida), pintei a de cima que veremos mais vezes pela frente.
Existem outras paletas, como a Yumrby, muito usada pelo pessoal de arte digital, porque incorpora o magenta e o cyan, mas que para mim tem tons de laranja demais, e é mais complicada do que a de Munsell com suas somente dez divisões.
Nas próximas postagens vamos examinar como se valer desta paleta e de máscaras de amplitude (prefiro usar o têrmo em inglês - gamut mask), coisa que aprendi com o James Gurney e o Richard Robinson. Novamente, o livro do James Gurney, A Guide for the Realist Painters é imperdível!
Inté.
Para ver a segunda parte da postagem, clique aqui.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Construção da Pochade - Parte VI - Final

Para ver a postagem anterior, clique aqui.
Empesteei a casa com o Selador, enchi tudo com a poeira da lixa, e depois empesteei de novo com o cheiro do verniz. Mas, afinal, obra terminada!
Pochade aberta
Visão com a pochade fechada
Outra visão da pochade
Visão do limitador de abertura
E voilá, A pochade pronta para uso!
Pochade já no tripé fotográfico
E, até a próxima. Inté!
Para ver o início da construção, clique aqui.