segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Os segredos do cinza I

O cinza é a cor sem a cor. Simples, não?
Sendo menos hermético, quando discutimos a harmonia de cores (veja as postagens clicando aqui) vimos que dentre as suas três características, uma era a intensidade.
Assim, podemos aumentar ou diminuir a intensidade de uma cor, saindo de sua intensidade normal para uma que identificaríamos como "estourada" ou, por outro lado, rebaixando a intensidade até que a cor se torne em um cinza, ou algo muito próximo disto. Na roda das cores de Munsell (primeira postagem de harmonia) seria o círculo central, ou as porções mais próximas dele.
O pintor que já possui maestria sabe que oscilando a intensidade das cores aumenta a chance de harmonizá-las, e uma das técnicas utilizadas para isto é a mistura com maiores ou menores doses de cinza.
"Mas que cinza? Será que você está falando de adicionar preto ao branco?"
Aqui está o nosso primeiro segredo: Não vamos nos utilizar de nenhum dos pretos que estão  disponíveis no mercado.
Vamos preparar o nosso, a partir das cores primárias amarelo, azul e vermelho. A esta nova cor, chamamos de preto tonal.
O vermelho, azul e amarelo devem ser apropriados para esta mistura, e constar da paleta que pretendemos utilizar em nosso trabalho cotidiano.
Observação: Cabe aqui assinalar que o preto tonal pode ser obtido de outras formas, como por exemplo a mistura do alizarim crinsom com o verde veridian, e outras tantas receitas, mas para facilidade de trabalho, vamos continuar com a solução da mistura das três primárias.
Assim, vamos tomar duas providências:
Amarelo e vermelho de cádmio, azul ultramar e branco titâneo


  1. Utilizar tinta de somente um fabricante, que no caso vai ser a Corfix acrílica, série Art;
  2. Usar as cores azul ultramar, vermelho de cádmio médio e amarelo de cádmio médio, Posteriormente, para a criação dos cinzas, nos utilizaremos também do branco de titâneo.
Comecemos por colocar um pouco de cada uma das cores na paleta. Com a experiência, você vai aprender que o azul é mais utilizado que o vermelho, que por sua vez, é mais utilizado que o amarelo na construção do preto tonal.
Use uma espátula, que pode ser facilmente limpa e evita uma contaminação indesejada das tintas puras, e comece a fazer uma mistura das cores.
Dica: Antes de começar o trabalho coloque algumas gotas do retardador de secagem da Corfix em cima de cada montinho de cor, e misture.
Quando for mixar as três cores, trabalhe aos poucos, de forma a prevenir eventuais desvios para o violeta ou para o verde.
Pronto, conseguimos o nosso Preto Tonal!
Construção do preto tonal
Com certeza não vai ter a negritude de um preto de marte, mas tem em si as nossas três primárias, um fator de integração na hora de fazer as misturas. Agora, é só criar quantos tons de cinza desejarmos, misturando doses diferentes do branco de titâneo com o nosso preto.
Cinzas a partir do preto tonal
Na próxima parte, veremos como esquentar e esfriar estes cinzas, deixando-os preparados para que, com pequenas adições de cor pura, possamos criar as nossas obras.
Uma observação final é que o pintor que se utiliza de óleo tem mais facilidade com estas pré-misturas, já que não tendem a secar rapidamente. No entanto, os retardadores são uma boa solução para o problema.


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