Acabei há pouco de ler o excelente "A Arte da Rivalidade" de Sebastian Smee, que conta a relação entre os componentes de quatro duplas da pintura, entre os séculos XIX e XX.
É de se notar que nas duplas, sempre um dos componentes, mais velho, funciona como mestre e influenciador.
Esta ascendência nem sempre é aceita pelo artista mais jovem, que luta para imprimir em seu trabalho as marcas de seu estilo próprio.
Isto fica muito claro, por exemplo, na resistência de Picasso ao examinar a obra de Matisse, com medo das influências, mesmo se sabendo que o seu salto mortal para o Cubismo foi graças a conversas e às mascaras africanas que lhe foram mostradas por Matisse.
Na relação entre Francis Bacon e Lucian Freud, onde o primeiro, com um estilo único e agressivo que provocou a busca de Freud por sua linguagem definitiva, houve também diversos atritos que vieram a culminar com uma ruptura definitiva, quando os pintores deixaram de vez de se falar. Isto não impediu que Lucian Freud mantivesse por toda a vida uma obra de Bacon em uma de suas paredes.
A parceria tempestuosa também foi característica do relacionamento entre Degas e Manet, chegando ao ponto de Manet danificar o quadro que Degas pintou dele com a esposa. Degas recolheu a obra, chegando a iniciar a sua reparação, a qual, no entanto, nunca foi completada.
O quadro de Degá, cuja restauração jamais foi terminada. |
Por último, Sebastian Smee nos conta da relação entre De Kooning e Jackson Pollock, relação esta menos tempestuosa e de novo com a influência do membro mais velho da parceria, que no caso era De Kooning.
Smee não se limita às rivalidades, mas se aprofunda na análise da obra de cada um dos artistas, e do ambiente cultural do qual eles eram cercados.
Vou ler de novo!
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