Você pode fazer isto às cegas, ou com algum método, o que com certeza vai lhe trazer resultados mais rápidos.
Um deles, e tal como na música, é praticar escalas, fazendo seguidos exercícios com o mesmo tema. Como um bom exemplo, cito Cezane que dizia que você devia pintar as mesmas duas garrafas de tinta 28 vezes. No final, dizia ele, além de você ter melhorado muito, você terá vinte e oito obras diferentes, porque jamais uma ficará igual à outra.
Pois bem, a "escala" que gosto de praticar é a utilização da paleta restrita, onde com poucas cores você tenta obter o melhor resultado possível.
Desta vez, peguei uma foto de uma escarpa liberada para uso no Wiki (veja aqui), e produzi três estudos:
O primeiro, usando somente azul ultramarinho e branco, me aproveitando de velha dica dada pelo amigo e professor Ernandes.
Estudo em azul ultramarinho e branco |
Falésia - Estudo em ocre, preto e branco |
Recuperei lá o velho estudo feito no atelier do Reider e fiquei olhando. Depois daquilo, nunca mais tinha tentado aquela paleta novamente.
A primeira quebrada de cabeça foi quanto ao verde, que para mim, e era o que constava da paleta indicada para o meu estágio no Plein Air Studio, era o Vessiê. Mas qual o quê, com este verde era impossível obter o azul que aparecia milagrosamente na mistura com o alizarin.
Na prancha abaixo, você pode ver as minhas tentativas, sendo que na coluna de cima puxei mais para o alizarin, e embaixo para o verde vessiê.
Prancha II - Misturas com verde vessiê, alizarin e branco |
Nada.
"Caramba" - pensei - "o vessiê tinha que funcionar". Essa era a mistura que eu considerava como a representativa da escola vinda desde Luis Pinto, onde tantos mineiros e paulistas beberam.
Quando fui para o estágio no Plein Air Studio, era o verde vessiê que estava na lista das tintas que eu tinha que levar. E aí, veio o clic.
Eu não tinha levado o vessiê. A Casa das Artes aqui em Brasília, não tinha. E eu levei o verde esmeralda em seu lugar. Tudo resolvido. Veja na prancha III abaixo a diferença entre o esmeralda (primeira linha) e o vessiê quando misturados com o alizarin e com porções cada vez aumentadas de branco.
Testes com esmeralda, vessiê e alizarin |
Prancha IV - Testes de cores quentes com a paleta reduzida |
E, em fim, depois de tantos testes, o trabalho com a paleta de alizarin crimson, verde esmeralda, amarelo ocre e branco de titâneo:
Falésia em Popenguine, Senegal. Foto original de Kumar McMillan. Direitos de uso de acordo com Creative Commons |
Um ano de aula nesse estudo. Obrigado !!!
ResponderExcluirMuito boa explicação. GRATIDÃO.
ResponderExcluirInteressante parabéns
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