terça-feira, 28 de janeiro de 2014

3 exercícios com paleta reduzida

Não há outra forma de pintar melhor do que pintar. E pintar mais. E continuar pintando.
Você pode fazer isto às cegas, ou com algum método, o que com certeza vai lhe trazer resultados mais rápidos.
Um deles, e tal como na música, é praticar escalas, fazendo seguidos exercícios com o mesmo tema. Como um bom exemplo, cito Cezane que dizia que você devia pintar as mesmas duas garrafas de tinta 28 vezes. No final, dizia ele, além de você ter melhorado muito, você terá vinte e oito obras diferentes, porque jamais uma ficará igual à outra.
Pois bem, a "escala" que gosto de praticar é a utilização da paleta restrita, onde com poucas cores você tenta obter o melhor resultado possível.
Desta vez, peguei uma foto de uma escarpa liberada para uso no Wiki (veja aqui), e produzi três estudos:
O primeiro, usando somente azul ultramarinho e branco, me aproveitando de velha dica dada pelo amigo e professor Ernandes.
Estudo em azul ultramarinho e branco
Na segunda, mudei a palheta, e usei amarelo ocre, branco e preto. Aproveitei-me da mistura de amarelhos com preto, para conseguir alguns tons de verde-petróleo que ficaram muito bons.
Falésia - Estudo em ocre, preto e branco
No terceiro e último exercício, usei paleta aprendida no Plein Air Studio, em aulas com o professor Alexandre Reider. Tratou-se meramente da substituição do preto na mistura pelo verde vessiê (pensei que era esse...) e alizarin crimson, que é um vermelho frio e transparente.
Recuperei lá o velho estudo feito no atelier do Reider e fiquei olhando. Depois daquilo, nunca mais tinha tentado aquela paleta novamente.
A primeira quebrada de cabeça foi quanto ao verde, que para mim, e era o que constava da paleta indicada para o meu estágio no Plein Air Studio, era o Vessiê. Mas qual o quê, com este verde era impossível obter o azul que aparecia milagrosamente na mistura com o alizarin.
Na prancha abaixo, você pode ver as minhas tentativas, sendo que na coluna de cima puxei mais para o alizarin, e embaixo para o verde vessiê.
Prancha II - Misturas com verde vessiê, alizarin e branco
Vi que daí não iria conseguir o misterioso azul, e botei o bestunto para funcionar.
Nada.
"Caramba" - pensei - "o vessiê tinha que funcionar". Essa era a mistura que eu considerava como a representativa da escola vinda desde Luis Pinto, onde tantos mineiros e paulistas beberam.
Quando fui para o estágio no Plein Air Studio, era o verde vessiê que estava na lista das tintas que eu tinha que levar. E aí, veio o clic.
Eu não tinha levado o vessiê. A Casa das Artes aqui em Brasília, não tinha. E eu levei o verde esmeralda em seu lugar. Tudo resolvido. Veja na prancha III abaixo a diferença entre o esmeralda (primeira linha) e o vessiê quando misturados com o alizarin e com porções cada vez aumentadas de branco.
Testes com esmeralda, vessiê e alizarin
Assim, afinal cheguei no azul escondido embaixo do verde e do alizarin. Nada mais que um cinzendo esfriado, que quando colocado junto de cores quentes, azula. Como não estava acostumado com a paleta proposta, fiz algumas misturas quentes, usando o verde, ocre e o alizarin (sempre com o branco como estabilizador), que mostro abaixo, na Prancha IV.
Prancha IV - Testes de cores quentes com a paleta reduzida
E, em fim, depois de tantos testes, o trabalho com a paleta de alizarin crimson, verde esmeralda, amarelo ocre e branco de titâneo:
Falésia em Popenguine, Senegal. Foto original de Kumar McMillan. Direitos
de uso de acordo com Creative Commons




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